“Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois” Fernando Pessoa

XVI

Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas …
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco…
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

(1914)

Source: Pessoa, Fernando. Poemas Completos de Alberto Caeiro. http://www.luso-livros.net/wp-content/uploads/2013/06/Poemas-de-Alberto-Caeiro.pdf. Web.

XVI

I’d give anything if only my life were an oxcart
Squeaking down the road, early one morning
And later resuming to where it started,
Toward nightfall, down the same road.

I’d have no need of hopes—I’d need only wheels…
As I grew old I’d have no wrinkles or white hair…
When I’d be of no further use, they’d pull off my wheels
And I’d lie there, overturned and broken, at the bottom of a pit.

(1986)

Source: Pessoa, Fernando. Poems of Fernando Pessoa. Trans. Edwin Honig and Susan M. Brown. San Francisco: City Lights, 2001. Print.

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